Historias do Vinho

Todos os dias da semana, naquela mesma hora inicio da tarde, um grupo de 05 Empresários Aposentados se reuniam junto ao já extinto "Café Mourão", que se localizava no Largo do Toural, na Cidade de Guimarães(Portugal).

Ali esperavam que os seus Mensageiros, aquela hora chegassem e que estes os informassem aonde e qual a "Tasca", não importava a distancia, em que a mesma tivesse um bom Vinho Verde.

Obviamente que tais informantes recebiam algumas alvissaras pela informação prestada acaso se tratasse na realidade de um bom Vinho. Tambem não importava ser Vinho Tinto ou Branco.

Logo após recebida a informação, se metiam todos eles num carro e se dirigiam para o local, algumas vezes distanciado 20/30 Kms de distancia..

Chegados á "Tasca", por vezes em meios rurais longe dos centros Urbanos, saudavam as Pessoas presentes e se encostavam ao Balcão do estabelecimento. O ou a Proprietário(a) logo perguntava o que eles, 05 desconhecidos, pretendiam da sua "Tasca", ao que estes logicamente respondiam que desejavam que lhes fosse servido uma "Caneca" do melhor Vinho que tivesse.

PORQUÊ NUMA "CANECA" ?

È porque na verdade para que se possa avaliar melhor todas as Qualidades e Potencialidades Enológicas de um Vinho Verde, este deverá ser servido numa "Caneca" branca de Porcelana e Cilindrica, ou em uma "Tigela" tambem ela branca e de Porcelana. È um hábito centenário que para muitas Pessoas o tempo não foi capaz de fazer mudar os seus hábitos.

Neste tipo de recipiente é possivel encontrar todas as carateristicas de um Vinho Verde, desde a sua coloração em contraste com a brancura da "Caneca" ou "Tigela", Aromas, Textura dos Vinhos, etc..

No rodopiar do Vinho dentro da "Caneca" de uma forma que os verdadeiros apreciadores de Vinho o sabem fazer, se descobre todo o "Manancial" de potencialidades do Vinho.

Tal hábito ainda hoje se encontra enraizado na maioria daquelas Pessoas que não foram ainda "Seduzidas" pela modernidade ou sofistificação da forma de se apreciar um Vinho.

Poder-se-á dizer que a opinião de cada uma daquelas 05 Pessoas em relação á qualidade de um Vinho, era como que um "Certificado de Qualidade" emitido sobre o mesmo.

Não eram Enólogos, nem alguma vez possivelmente leram algo sobre como se deve classificar um Vinho em todas as suas vertentes, porem, com certeza nenhum Enólogo seria capaz de argumentar uma opinião diferente em relação á qualidade do Vinho por aqueles avaliado.

Sabia-se que aquelas Pessoas eram verdadeiros "Amantes" de Vinho, sem que usassem a bebida fora dos seus limites de resistência ao mesmo, eram na verdade Apreciadores de Vinho e não Consumidores do mesmo.

Lamentavelmente hoje as Pessoas vão deixando cair em desuso estas formas de se beber e apreciar o Vinho, não porque as formas agora "Impostas" são mais definidoras da verdadeira qualidade do Vinho que se bebe, mas porque a sofistificação dos meios e ambientes aonde o mesmo é consumido, nos retira a possibilidade de podermos saborear um Vinho como nos tempos passados, em que os Vinhos eram avaliados em função da sua qualidade e não pela imagem de um Rotulo ou preço pelo qual o mesmo é hoje vendido.

O Vinho da minha terra
Que fica lá no Minho
Se bebe numa "Caneca"
Na terra do bom Vinho

Autor: Domingos Barros

domingo, 16 de maio de 2010

VINHOS ARGENTINOS

 

Vinhos argentinos contaminados com fungicida

O fungicida natamicina foi encontrado nos vinhos Fuzion, Santa Julia, em seis outros vinhos argentinos e dois da África do Sul, na Alemanha. 120 mil garrafas de vinho argentino foram retiradas do mercado alemão. Todos os vinhos argentinos destinados à Europa estão bloqueados nas alfândegas. Metade dos vinhos argentinos coletados para análise apresentou a presença do pesticida, que é utilizado para a limpeza das adegas na Argentina, o que permitiu a contaminação mesmo em vinhos orgânicos. Em outubro e novembro foi constatada a presença da substância ilícita, o que gerou o bloqueio.
fuzion e santa julia
Fuzion e Santa Julia da Família Zuccardi são os mais conhecidos entre os vinhos argentinos contaminados

A lista (veja abaixo) mostra que a contaminação ocorre em diversas regiões atingindo os da Família Zuccardi de Mendoza, mas também da distante Patagônia. A questão já vinha sendo acompanhada por Wines of Argentina que contratou o laboratório bordeles Excell para identificar os focos desta poluição. Segundo o especialista francês Pascal Chantonnet, do Excell, "a natamicina pode ter sua origem na utilização de produtos para desinfetar as adegas, garrafas ou mesmo rolhas, é por isto que o encontramos mesmo em vinhos orgânicos", confirma. Suzana Balbo, enóloga e presidente da Wines of Argentina, pediu aos produtores que cessem imediatamente de utilizar o detergente NAT 3000, que contém o fungicida, na limpeza de barris e mangueiras, disse ao Los Andes on line. Segundo Guillermo García do Instituto Nacional da Vitivinicultura Argentina, os resíduos encontrados “não representam nenhum perigo para a saúde”.
Natamicina ou paramicina é um antibiótico fungicida, utilizado para eliminar fungos e leveduras. A Organização Internacional do Vinho e da Vinha, OIV, não autoriza seu uso, mas a legislação da Argentina permite seu emprego na limpeza da adega e seu material. A piramicina é permitida na indústria alimentar, como em certos queijos e frios sob o nome de conservante E235. A natamicina também é ministrada enquanto medicamento para o homem e vendida em farmácias. Em fortes doses pode provocar náuseas e diarréia.


Lista dos vinhos retirados do mercado alemão:
Argentina

Santa Julia, 2008, Mendoza, Cabernet Sauvignon, número de lote L09-184-09
Fuzion 2008, Mendoza, Tempranillo, Malbec, número de lote L09-198-21
Santa Andrea, 2008, Mendoza, Malbec, Cabernet Sauvignon, número de lote L-56659
Villa Paola, 2008, San Rafael, número de lote 01/2009.
Villa Atuel, 2008 San Rafael, Syrah, Merlot, número de lote L-WT1377
Légende de Polo, 2007, Mendoza, Malbec, número de lote L 76605
Terra Nova, 2008, Mendoza, Malbec, número de lote L: 90.0789
Maranon, 2009, Malbec, Mendoza, número de lote L9289-0D72
Cruz, d'Indio, 2007, Belle Malbec Añelo, Neuquen - Patagônia, Lote número L-9168
Cruz, d'Indio, 2007 Malbec Añelo Neuquen - Patagônia, lote número L-9139

África do Sul:
W.O. Constantia, 2009, Syrah Rosé, número de lote L14336-2
WO Constantia 2009, Blanc de Noir, L14335 número de lote-4 
Produtores argentinos podem estar utilizando o fungicida natamicina na vinificação e não apenas para limpeza das adegas, como permite a legislação Argentina. Para Marc Dubernet, o diretor do laboratório francês de enologia Dubernet, especializado em auditoria, análise e consultoria, o uso deste antibiótico tem uma finalidade muito clara "estabilizar o vinho". "- Este fungicida é muito caro para ser utilizado na limpeza da adega. A piramicina ou natamicina é um eficaz estabilizante que vai eliminar uma levedura não desejada a Brettanomyces”.

marc dubernet
O enólogo francês Marc Dubernet

A presidenta de Wines of Argentina, Suzana Balbo (ler artigo abaixo), na verdade tenta defender o vinho argentino em suas declarações e em seu comunicado oficial ao dizer que este antibiótico não é usado na vinificação. Afinal, são muitos e importantes produtores que foram identificados usando o fungicida. Ela tem obrigação de defendê-los enquanto presidenta do organismo responsável pela sua promoção e exportação. Especula-se na imprensa portenha que outros produtores devem ser incluídos em uma nova relação alemã de vinhos contaminados ainda a ser divulgada.
Dubernet explica que o surgimento desta levedura pode acontecer na fermentação alcoólica, mas acontece geralmente depois do vinho pronto. Esta levedura natural vai dar ao vinho aromas desagradáveis de estrebaria, couro e suor de cavalo. O uso deste antibiótico não é permitido na União Européia e nem recomendado pela OIV. «A OIV não tem poder legal de interditar seu uso, pode apenas recomendar”, orienta o enólogo francês. Também não é permitido seu uso no vinho na Argentina.
“Na Europa, para evitar este acidente, fazemos uma boa gestão do uso do sulfito (SO2) e um rigoroso acompanhamento da microbiologia e análise química do vinho para saber se houve contaminação. Se um acidente ocorreu realizamos a "flash pausterização". Esta vai permitir reduzir a níveis insignificantes a microbiologia do vinho, sem danificá-lo ou alterá-lo”, garante Dubernet.
Segundo o Instituto Francês da Vinha e do Vinho a levedura Brettanomyces pode ser encontrada tanto no vinhedo como causada por uma falta de higiene na adega, especialmente em calhas, mangueiras, tonéis e torneiras. Outros agravantes são a grande presença de ácidos fenóis precursores de etil fenóis, presença de açúcar residual depois de uma fermentação complicada, baixo índice de sulfito e envelhecimento em barricas que não foram limpas de forma adequada.

Marc Dubernet enfatiza que este conservante é permitido na indústria agro alimentar para alguns queijos e salames, mas não é permitido para o vinho. A paramicina é um antibiótico e "não representa nenhum risco à saúde humana", reitera.